Nasci em Angola, cresci em Angola, Sou angolano e
africano , não deixando de ser português e cidadão universal.
Sou
daqueles putos que em 1961 escaparam de ser cortados pelas Catanas de Terror no
Norte de Angola só por causa da nossa pele ou da nossa tribo... não sendo
geneticamente kikongo , sou-o por essência da terra onde nasci.
Em 1975,
no verão europeu, fruto da atabalhoada descolonização, venho viver para a Povoa
de Varzim e estudar no Liceu Nacional da Póvoa de Varzim. Os meus novos colegas
de Liceu são todos pró MPLA à esquerda ou à direita, para eles não existem mais
partidos nas ex –colonias, só o Mpla em angola a génese da Fretilim em Timor ,
o PAIGC em Cabo Verde e Guiné, a Frelimo em Moçambique…
Demonstro-lhes
que sou Unita , angolano e que a Unita é o maior partido de Angola.. Sou
trucidado: “africa é dos pretos” tu és branco não podes ser angolano. Andavas lá
a roubar os pretos…
Não adiantava
falar mais , principalmente à direita do PCP… Felizmente havia o MRPP que tinha
outras ideias e o MÊS e depois a UDP…
Havia uma
disciplina no 6º e/ou 7º ano do Liceu que era Introdução à Politica que
substituiu a OPAN disciplina ideológica do tempo do anterior regime.
O prof era um tipo porreiro…”prafrentex” como
se dizia na altura. Porém um dia tive a minha prova de fogo. Guterres era um
jovem politico do PS que ascendeu alugares cimeiros na então CEE á qual Portugal
almejava aderir… defendia ele os Palestinianos da Al Fatah, e da OLP do Yasser
Arafat e era contra o Sionismo Israelense.
Perguntou-me o prof se eu achava bem o Sionismo..ele percebeu que eu
sabia daquilo, mas desconfio que meus colegas nem sabiam do que se tratava…disse-lhe
que achava bem o Sionismo na medida em que os Israelitas precisavam de se
defender dos inimigos que o rodeavam. Ser sionista para aquela “esquerdalha de
lavagem cerebral” era pior do que ser fascista ou salazarista,mas eu vivia bem
com isso...afinal não sendo “retornado” já me tinham rotulado e estigmatizado
com isso na testa tal como as estrelas de seis pontas que os judeus tinham que
portar no tempo dos nazis.
Só eu é
que me lembro disto hoje, aposto que meus colegas nem sequer tem memoria disto…não
lhes afectou provavelmente nem era importante para eles…
A mim sim. E
hoje afeta-me igualmente o que se passa em Israel e em Gaza, pelas mesmas
razões de 1975 … Pactuar com terroristas, negociar com terroristas? Franz Fannon
tinha razão? É legítimo o terror contra civis? O desvio de aviões, os homens
bomba ? Munique-jogos olímpicos e o terror
da OLP?
Não… E Salazar mandou as suas tropas para Angola bastante
tempo depois dos acontecimentos de 15 de Março de 1961, para suster o desejo de
vingança das atrocidades cometidas contra civis , para evitar outras
atrocidades..e fez bem…
Salvou muitas vidas..de ambos os lados das
barricadas…Que nenhum soldado ainda vivo que esteve em Angola em 1961 e nos
anos que se lhe seguiram tenha duvidas disso… o TERROR FOI Vencido em Angola…
As ideias de Franz Fannon não medraram… pena que o PREC em Portugal que se
seguiu ao 25 de Abril tenha permitido as guerras intestinas nas ex-colónias
cujo sangue derramado foi muito pior que no tempo todo colonial.
Não se pode pactuar com o terror…venha ele de onde vier..
A humanidade tem que aprender isto de uma vez…
Povoa de Varzim ,30 de Outubro de 2023
N’gola Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário