segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A FLOR–DO-LIXO

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A FLOR DO LIXO

  Não há nada mais impressionante e rico do que uma lixeira bem gorda. Daquelas onde proliferam as larvas, onde as moscas são mais luzidias,freneticamente bailando em Versailianos  Salões, como são dos gatos mortos as amarelo-pálido-sangrentas tripas esventradas, em socalcos dispostas, decompostas… Óh ! Êxtase… E ver o fumo negro espesso mais o lume das garrafas de plástico ardendo vermelhas, e o cheiro, Óh sim,o cheiro…Como penetra nas narinas…que estrondosa sensação!Mas do que se gosta, do que um homem pode gostar a sério é de revolver os contentores do lixo,virar tudo de cangalhas,sentir cheiros diferentes,inebriantes, procurando incessante e sofregamente a tão almejada flor-do-lixo.

In “SEMENTE DA DESTRUIÇÃO” – Renato Gomes Pereira –20 Outubro 1982

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